5 de janeiro de 2011

O Utensílo de Pedra na Pré-História

Pré-história, homem a fabricar utensílios de pedra

No decurso da escavações levadas a cabo no Rift Valley etíope, entre 1970 e 1980, os arqueólogos e historiadores descobriram calhaus lavrados com 2.9 a 2.4 milhões de anos. Estes são os mais antigos utensílios conhecidos até hoje.


Esta descoberta veio pôr fim à teoria segundo a qual o Homo teria sido a única espécie a fabricar e a utilizar o utensílio, visto que os objectos encontrados só poderiam ter sido obra do género pré-humano, o Australopithecus.

O utensílio precede o homem
Segundo Yves Coppens, "o homem não pode, em rigor, ser definido pelo utensílio, também não é menos certo que, a partir de um certo estádio, ele é o único primata caracterizado pela associação de uma ferramenta permanente e abundante, que ele teria deliberadamente trabalhado para seu uso próprio."

Etapa decisiva da hominização
A etapa do utensílio está, com efeito, ligada ao abandono, por parte dos hominídeos, do estádio de quadrúpede - que permitiu libertar as mãos - assim como ao desenvolvimento do córtex visual, paralelamente ao das funções motrizes do cérebro. A concentração ocular sobre uma actividade manual efectua-se, então, de forma coordenada, sob o controlo dos centros cerebrais motores.

Este fenómeno conjuga-se com os fluxos da população apontados pelos pré-historiadores e que permitem a difusão das técnicas e o aparecimento de verdadeiras indústrias líticas, caracterizadas, cada uma delas, por um tipo ou estereotipo próprio.

Pedra Lascada, Escrita com Luz

A Indústria dos calhaus
Nesta cultura, um calhau é utilizado como percutor: é empregue para afiar uma outra pedra e permite obter um utensílio de bordos cortantes; enquanto as lascas, elas próprias cortantes, podem também servir de utensílios. Facas e trinchantes são assim criados segundo um modo imutável de fabricação, mas também se encontraram vestígios de raspadores, machadinhos, poliedros e triedros.

O aparecimentos dos bifaces
No seguimento dos calhaus lavrados, aparecem os utensílios mais cortantes e manejáveis, os bifaces. Ao contrário dos calhaus que são confeccionados usando a técnica dos desgaste por percussão no sentido perpendicular, nos bifaces aplica-se a técnica de percussão tangencial que permite obter lascas muito mais compridas e finas. Enquanto que o trabalho de um calhau não requer senão a escolha de uma pedra que necessite apenas de uma intervenção mínima por parte do fabricante, o corte em forma de lança, de coração ou de amêndoa de um biface requer um trabalho de desgaste bem mais complexo, com selecção de pontos de impacte além de aperfeiçoamentos secundários. Enfim, supõe uma inteligência técnica anteriormente inexistente.
Pedra Lascada, Escrita com Luz

As indústrias líticas da Pré-História
As primeiras tentativas de transformação de pedras foram reconhecidas na África Oriental, no sítio de Olduvai, na Tanzânia.

Os utensílios trabalhados numa face, ou nas duas, são ainda extremamente grosseiros. Depois a técnica aperfeiçoa-se e as formas de desbastamento, próprias de cada época, vão alcançando níveis cada vez mais eficazes para as diferentes funções do utensílio.

Biliografia: Memória do Mundo, Ed. Círculo de Leitores, 2000

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